
Arte, uma longa e sinuosa estrada.
Sou professor de arte/teatro e trabalho com alunos do fundamental I, II e ensino médio. A diversidade das turmas está explicita. Às vezes me pergunto como consigo fazer isso? Dar conta das diferenças de linguagens para todos?
A resposta não vem de forma verbal. Vem da prática, da rotina, do olhar, da observação, da palavra, dos êxitos e das decepções. É necessário estar atento e sereno para por em prática essa habilidade e fazer vir à tona o que está submerso ou fazer fluir o que está curso.
Hoje me permito a certos questionamentos, que até há pouco tempo considerava absurdos, como por exemplo: "Arte se ensina? "Isso não é um dom?" "O que acontece com quem não sabe desenhar?"
Ser professor me leva não só aos tais questionamentos, mas também a descobertas de como usar a liberdade de expressão no seu mais puro sentido. Oriento aos meus alunos a fazerem do seu jeito. Não acredito que haja uma pessoa na face da Terra que não saiba pelo menos desenhar uma árvore, uma flor ou uma meia-lua! Digo-lhes também que a pessoa que realmente não sabe desenhar, entregará a folha em branco.
E é exatamente isso que não ocorre nas minhas aulas. Todos se esforçam em fazer o que o seu limite permite.
Devo comentar as diferenças de motivação nas turmas. Os menores são mais desbravadores, ousados, possuem uma auto confiança tipicamente infantil, mesmo os mais críticos consigo. Já os maiores são predominantemente críticos. Questionam o tema, o material que será usado, as sugestões e o tempo que levarão para concluir. No final recolho trabalhos altamente autoriais e alguns surpreendentes pela imagem reveladora.
As cores tem seu espaço garantido. Há aqueles que se propõe a inventar novas tonalidades e os que preferem o monocromático. Há os que misturam diferentes tipos de materiais e aqueles que se contentam com o grafite puro e simples.
E como nem tudo são flores no mundo em que vivemos, surgem aqueles momentos em que um olhar mais atento vê detalhes que supostamente poderão complicar a obra e condena-la ao depósito eterno. Está instaurada então a polemica.
Nesse caso deixo de ser um professor e passo a ser o advogado de defesa do objeto. Nada mais constrangedor do que esse momento, onde a obra poderia falar por si, de forma integral e não fragmentada. E em seguida achar uma justificativa plausível para apresentar aos autores. Não posso deixar de dizer que obra de arte não é remédio acompanhado de bula.
Mas tudo isso faz parte de um processo onde aprendemos a lidar com as adversidades, independente do seu grau. Vamos acumulando conhecimentos, estratégias, recursos e ações.
Estar nessa área não é simples como para muitos parece. Além da vocação é preciso do "algo a mais" para seguir em frente.
Acredito que eu esteja no caminho certo e com grandes possibilidades de ser bem sucedido nas minhas empreitadas, pelo que sinto no momento em que estou na sala de aula ou jogado no chão junto com os alunos sujando as mãos de tinta, ou vendo-os executando uma atividade.
É uma estrada sedutora e desafiadora!
É isso!
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