domingo, 30 de outubro de 2011



O Resgate de um náufrago!

Na última semana, passei por um daqueles momentos constrangedores que nos fazem pensar o quanto às vezes o nosso trabalho é colocado num grau abaixo do minimo esperado.
Explico: durante as atividades de arte com os meus alunos, deixo-os totalmente à vontade para pensarem, discutirem, criarem, executarem e finalizarem do jeito que acharem mais conveniente, inclusive escolhendo o lugar que poderão expor a obra (desde que haja espaço) . Minha única intervenção é de orienta-los durante o processo, distribuir os materiais e mediar os possíveis e prováveis desentendimentos. O processo é 80% de autoria dos alunos. Utilizo, sempre que possivel, as nossas aulas para a colocação das obras nas paredes, com as turmas.
Vejo nos olhos dos meus artistas o prazer com que observam esse momento. O meu prazer está não só ali com eles, mas também com as outras turmas parando para olhar os trabalhos dos colegas. Atento para os comentários e para as expressões.
Eu não sou o único a exibir trabalhos dos alunos. Meus colegas também praticam esse movimento. E fico feliz em ver as paredes horrorosamente brancas repleta de informações artísticas. Uma instituição escolar não pode se omitir disso jamais. Porem, qual não foi a minha surpresa em ver que uma das obras da minha disciplina, que por sinal era de grande proporção, fora tirada da parede sem o meu conhecimento. E se não bastasse, vim descobrir que o material havia sido jogado fora. Fiquei sem palavras, mas não sem ação. Fui até o lixo, levantei o tampão e lá estava, dobrado dentro de um saco. Não tive dúvidas: peguei e levei-o para a sala em que trabalho.
Muitos questionamentos passaram pela minha cabeça. Senti o desrespeito materializado ao meu lado, tirando sarro da minha cara. Respirei fundo, fechei o olhos e tentei limpar a minha mente e meu coração de toda e qualquer ideia que conotasse raiva, mágoa, ressentimento. A luta foi cruel. Ficou um belíssimo ponto de interrogação.
Peguei novamente o trabalho tal e qual estava no lixo e fui atras de uma explicação plausível. Se é que havia alguma, por mais bem justificada que fosse. Fiz a reclamação com uma sensação de vazio, pois o estrago ja estava feito. Acredito que meu ato tenha sido apenas protocolar.
Voltei para a minha sala, me sentido derrotado em nome dos meus artistas.
Voces devem estar pensando o por que até agora não revelei quem foi. Na verdade não importa quem tenha sido. O que importa é que o ato não foi positivo e a vontade de ser educador continua.
Há um tempo venho transformando as adversidades da vida em força motora. Quero viver muito ainda, por isso não posso me deixar levar por ações inexplicáveis.
Acredito que a consciência seja por demais suficiente para incomodar as pessoas que veem a vida de forma sucinta. Sendo assim, deixo que o Universo comande de maneira brilhante o momento em que cada um verá refletida juntamente com sua imagem no espelho a sua imagem espiritual.
Um náufrago foi salvo e estou preparado para entrar em alto mar para salvar quantos forem necessários.
É isso!

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